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Como funciona o transplante de córnea?

Escrito por Victor Roisman
Tempo de Leitura: 7 minutos

Índice

Você saberia dizer qual a função da córnea? Frequentemente, ouvimos sobre a cirurgia de catarata, procedimento no qual há a troca de um cristalino opacificado por uma lente intra-ocular transparente.  Por se tratar de uma cirurgia muito mais frequente do que um transplante de córnea, habitualmente há surpresa quando dizemos que a córnea é não só a primeira como a principal lente do olho. 

A córnea e o cristalino são duas estruturas bem distintas, e juntas funcionam como as lentes de uma máquina fotográfica, sendo as grandes responsáveis pela formação de uma imagem nítida na retina.  Após esta analogia, fica mais fácil de entender que a perda de transparência, integridade ou regularidade da córnea afetará diretamente na forma como enxergamos. Quando esta alteração não pode ser tratada de forma clínica ou através de outras técnicas cirúrgicas menos invasivas, está indicado o transplante de córnea.  

Diversas patologias podem levar à indicação de transplante. Dentre as mais comuns estão a Distrofia de Fuchs, ceratopatia bolhosa, ectasias (por exemplo, o ceratocone), cicatrizes e úlceras que não respondem ao tratamento clínico. 

O transplante de córnea com finalidade óptica, ou seja, com o objetivo de restaurar a visão, consiste justamente na troca total ou parcial de uma córnea alterada por outra saudável, de forma que seja restabelecida a sua capacidade de atuar como uma lente de qualidade para o complexo sistema óptico que é o olho.

No transplante penetrante de córnea, ou ceratoplastia penetrante, é realizada a troca de toda a espessura da córnea. Esta é a técnica mais tradicional e foi por muito tempo a única disponível para tratar as afecções que acometem este segmento. Entre o dia da cirurgia e o momento que o oftalmologista prescreve algum tipo de correção para o paciente como por exemplo, óculos, há no mínimo um intervalo  de 9-12 meses. 

Isso não quer dizer que o indivíduo não poderá notar melhora da visão transcorridas algumas poucas semanas de pós-operatório, porém nesta técnica geralmente se faz necessária a retirada de suturas, que é iniciada com cerca de 6 meses de pós-operatório.

Os transplantes lamelares são técnicas mais novas e seguem em constante evolução. Resumidamente, se dividem em transplante lamelar anterior e posterior. Quando entramos especificamente na técnica para cada uma destas cirurgias, nos deparamos com uma verdadeira sopa de letrinhas, tanto para as técnicas lamelares anteriores (ALK, DALK, FLALK, etc) , quanto para as posteriores  (DSEK, DSAEK, DMEK, PDEK, etc).

O objetivo deste texto não é entrar no mérito da vantagem e desvantagem de cada técnica. Contudo, merece destaque a vantagem comum a todas elas, que é a menor chance de rejeição. No caso das técnicas lamelares posteriores, vale destaque também a recuperação visual significativamente mais rápida .

No transplante lamelar anterior, é realizada a troca das porções mais anteriores da córnea, com a manutenção das camadas mais profundas.  As indicações para esta modalidade de cirurgia incluem as ectasias corneanas (por exemplo, o ceratocone) e as cicatrizes (ou leucomas) corneanos. 

Já no transplante lamelar posterior, também chamado de transplante endotelial, é realizada a troca da porção mais posterior da córnea, o endotélio. Esta camada tem a função de manter a córnea transparente graças à sua capacidade de bombear líquido (humor aquoso) para fora da córnea, mais especificamente para dentro do olho.

Quando há comprometimento desta capacidade, há acúmulo de líquido dentro da córnea, e consequente edema e perda de sua transparência. Portanto, esta modalidade de cirurgia está indicada sempre que esta função está em desequilíbrio

Os maiores exemplos de patologias do endotélio em que isso ocorre são a Distrofia de Fuchs e a ceratopatia bolhosa secundária a procedimentos cirúrgicos prévios. Atualmente, os transplantes endoteliais representam mais da metade das cirurgias realizadas nos EUA.

Por fim, mas não menos importante: não existe cirurgia de transplante sem doação. A doação de córneas só ocorre após o óbito e depende da autorização familiar. Doar é um direito do indivíduo e uma prova de amor ao próximo e de altruísmo. Converse com a sua família sobre doação.

No Estado do Rio de Janeiro, o Programa Estadual de Transplantes (PET) é responsável pela coordenação de todo o processo que envolve o transplante de órgãos e tecidos, e está acessível 24 horas por dia, 7 dias por semana, através do telefone 155.

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