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Como achar um bom médico

Escrito por Luiz Roisman
Como escolher seu médico
Índice

Se você não trabalha na área de saúde, com certeza já teve esta dúvida quando precisou de um médico. Uma boa indicação de algum parente ou amigo que já passou por situação semelhante pode resolver seu problema. Mas e quem não tem esta sorte? Como escolher seu médico?Como em qualquer área, um bom profissional é formado pelo “conjunto da obra”. De nada adianta um grande técnico sem capacidade de comunicação ou empatia com os pacientes. Bem como, não adianta um “showman” sem capacidade técnica de resolver seu problema.Apesar de podermos encontrar bons médicos que não sigam NENHUM dos pontos que listei, usar certos critérios aumenta a chance de encontrar um profissional capacitado! Então, o foco é tentar mostrar formas de afunilar sua escolha e, mais importante, escapar de furadas!

Dica 1: certifique-se que o profissional é de fato médico!

Pode parecer banal, mas alguns profissionais se auto intitulam doutores, mas não são médicos de fato!Inicialmente, temos que ter muito cuidado com os “doutores” que aparecem por aí, ainda mais em tempos de internet e viralização indiscriminada de conteúdo. Por convenção, os médicos são há muito tempo chamados de doutores.Desde o início dos anos 2000, têm se popularizado o uso deste prefixo para outros profissionais da área de saúde. Independentemente de ser a favor ou contra esta aplicação da denominação, é certo que gera confusão nos pacientes.Portanto, se você procura por um médico, certifique-se que o profissional escolhido é realmente médico. Isso é fácil de descobrir no próprio site do Conselho Federal de Medicina (CFM). 

Dica 2: procure analisar o currículo do médico!

A Faculdade de Medicina importa?

Sim, como todos sabem, a vida do bom médico envolve muito estudo. De forma geral, o bom médico é um estudante dedicado desde a infância.Em outras
carreiras, muitas vezes a experiência profissional é mais importante que a
acadêmica, ou seja, mais vale o local do estágio e trabalhos prévios do que a
própria faculdade. Na Medicina, cada etapa tem sua importância.Assim, a primeira parada dos nossos critérios é onde o médico fez sua graduação, sua faculdade de Medicina. Em cada estado do Brasil, sabemos quais Faculdades de Medicina são mais concorridas, por exemplo, em São Paulo, a USP e UNIFESP, em Minas Gerais, a UFMG, no Rio de Janeiro a UFRJ e UERJ, em Porto Alegre, a UFRGS. Ué, mas o que todas estas Instituições têm em comum?São todas públicas e tradicionais! E, apesar de muitas vezes contarem com recursos materiais limitados, dispõem do mais importante, os recursos humanos. Estas Faculdades têm professores de excelência, mentes brilhantes ensinando os alunos a pensar e a desenvolver raciocínio lógico e crítico.Um centro de ensino de excelência funciona como uma espiral que puxa todos para cima. Os melhores professores cobram mais e têm maior expectativa em relação aos alunos; os alunos são os melhores do vestibular, formando uma turma forte que se auto-estimula.Afinal, ninguém quer ser o pior aluno da turma! Este ciclo virtuoso é muito importante na vida do estudante de medicina que, diferentemente de muitas outras faculdades, cursa as aulas em período integral ao longo de 6 anos, com a mesma turma até o final.Por outro lado, faculdades mais novas – que muitas vezes são particulares – têm no quadro docente professores menos experientes, menos titulados e menor tradição em pesquisa e produção científica.Isso pode acabar levando a um ciclo vicioso: professores que podem ensinar menos, afinal não têm foco na carreira acadêmica, e alunos menos preparados e estimulados.Outra grande diferença é que o objetivo primordial das Faculdades Públicas é o ensino, já das Faculdades Privadas é, obviamente, o dinheiro. Atenção! Isso deve ser visto apenas como regra geral, logicamente existem Faculdades Privadas de excelente qualidade.Mas, de forma geral, são Instituições também antigas, tradicionais e com alta concorrência no vestibular, como é o caso da SANTA CASA de São Paulo.

E a Residência Médica também importa?

Após o final da Faculdade de Medicina, o médico formado é chamado de generalista. Para ser um especialista ele deve passar por um programa de Residência Médica, que leva de 2 a 6 anos, dependendo da área.A residência médica é tão importante quanto a Faculdade de Medicina para a formação do médico. É onde ele terá contato com os casos, as complexidades e os procedimentos cirúrgicos ligados à sua área específica, como ginecologia, oftalmologia, geriatria.Logo, quanto mais renomada, quanto mais professores capacitados, quanto maior o volume e qualidade de atendimentos e cirurgias, maior a chance de o médico residente tirar a experiência necessária para poder atuar dentro da área com competência. Entretanto, diferentemente do vestibular, é muito mais difícil para quem não é da área médica saber quais são os melhores programas para cada especialidade. A lógica acaba sendo parecida com a questão da Faculdade, ou seja, instituições públicas e tradicionais tendem a ser as melhores e mais concorridas.

Dica 3: procure saber se o médico tem o título de especialista da área que atua

Como saber se um médico é realmente especialista naquela área?

Outra dica importante é que, ao final da residência médica, existe uma prova de título, isto é, uma prova de conhecimentos gerais naquela especialidade que credencia o médico a se declarar especialista, bem como ser incluído como membro de uma Sociedade Médica de especialidade como, por exemplo, Sociedade Brasileira de Cardiologia.Desta forma, sugiro que sempre se procure saber se o seu médico pertence a sua entidade ou sociedade que rege a especialidade que ele diz ter. É muito comum vermos situações de complicações cirúrgicas na televisão de médicos (ou ainda não médicos…) em cirurgias estéticas.Antes de realizar uma cirurgia estética, procure saber se seu médico tem formação adequada em cirurgia plástica através de uma residência médica na área, bem como se é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, por exemplo.
O próprio CFM fornece a comprovação através do registro de qualificação de especialista (RQE), que comprova que o médico fez a prova de titulação na sua especialidade e/ou cursou Residência Médica oficial na área. Para complicar um pouco mais, existem ainda algumas subespecialidades médicas. Por exemplo, na ortopedia, existem especialistas em ortopedia geral, cirurgia de ombro, pé, joelho, etc. Se seu problema é no joelho, é melhor procurar um ortopedista especializado em joelho, certo?
A melhor forma de saber se o médico escolhido tem a especialidade desejada é através das Sociedades de Subespecialidades. No meu caso, sou médico oftalmologista especializado em doenças da Retina, logo:

  • Sou médico, portanto tenho CRM
  • Somente pelo fato de ter cursado uma Residência Médica oficial e credenciada junto ao órgão regulador (no caso da oftalmologia o Conselho Brasileiro de Oftalmologia) já posso me dizer especialista em oftalmologia
  • Além disso, oficializei junto ao CFM e CRM minha especialidade, portanto tenho RQE
  • Fui aprovado na prova de título de especialista em oftalmologia, permitindo minha afiliação como membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO)
  • Tenho certificado de conclusão de pós graduação na especialidade de Retina Clínica e Cirúrgica num programa credenciado junto ao órgão regulador da subespecialidade (Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo – SBRV)
  • Finalmente, fui aprovado na prova de título de especialista em Retinologia, permitindo minha afiliação como membro da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo

Como vocês podem ver, existe até uma certa redundância nas comprovações, o que aumenta a chance de o paciente conseguir verificar a especialidade. Estas são chancelas muito importantes e quase todas as subespecialidades médicas têm sua própria associação. Uma simples busca no Google é capaz de te dar esta resposta!

Dica 4: e ter mestrado ou doutorado faz diferença para ser bom médico?

Ter mestrado e doutorado tende a refletir um maior conhecimento acadêmico e, possivelmente, um profissional atento aos tratamentos mais atuais.Ainda seguindo a linha de raciocínio anterior, o bom médico é aquele que está acostumado desde sempre a estudar. Neste sentido, o médico que procura avançar um pouco mais na carreira acadêmica não necessariamente é melhor técnico, não necessariamente faz uma cirurgia melhor que outro, mas tende a estar mais atualizado e a frequentar mais congressos e eventos científicos. Estar atualizado, é sim um grande diferencial!

Dica 5: como saber se o médico está atualizado?

Procure saber se seu médico é palestrante em congressos nacionais ou internacionais. Médicos palestrantes estão atualizados e são formadores de opinião.Existe ainda um subgrupo que se torna palestrante dos congressos, não apenas expectador. Ser palestrante coloca o médico na posição de formador de opinião dentro da sua classe, sendo um ponto a mais neste critério.Novamente, é relativamente simples descobrir no Google se o médico participa de congressos, inclusive como palestrante. Basta escrever o nome do profissional seguido do termo “congresso”.

Dica 6: procure por novas tecnologias ou pesquisadores proeminentes

Grande Cientista x Charlatão?

Recentemente ouvi de um paciente sobre uma suposta terapia inovadora de um grande pesquisador americano. Quando disse que eu não estava ciente desta terapia ou do pesquisador, o paciente fez uma expressão de surpresa. “Como o Sr não o conhece doutor, ele é super famoso!”Também achei estranho, já que pessoalmente frequento mais de dez congressos por ano e conheço não só os médicos mais renomados nacional e internacionalmente, quanto procuro estar a par de novas terapias. Fui então ao maior banco de dados virtual da literatura médica, que está hospedado num site chamado Pubmed. Neste site, todos os estudos são publicados para consulta da comunidade científica.Pois bem, qual foi a surpresa do paciente ao perceber que o tal grande pesquisador não possuía sequer 1 publicação científica? Não passava de um charlatão!

Desconfie, principalmente dos autointitulados grandes pesquisadores e procure no site Pubmed se realmente há produção científica do profissional da saúde compatível com tal denominação.

Aliás, o Pubmed é um site que reúne as maiores publicações não só da área médica, mas da fisioterapia, nutrição, estética, etc. Logo, os profissionais não médicos “inventores” de novos tratamentos têm que provar a eficácia de suas terapias através de estudos apropriados!

Dica 7: desconfie de tratamentos vendidos pela internet

A conversa com o paciente e o exame médico são essenciais para o estabelecimento de tratamentos. Especificamente na área de oftalmologia, há uma terapeuta – não médica – que sugere que exercícios oculares podem curar diversas doenças oftalmológicas.Pois bem, para saber se um tratamento funciona deve haver publicações a respeito no Pubmed (não há) ou publicações no nome da terapeuta (não há), como explicado anteriormente.Duvide de quem vende tratamento pela internet. A medicina envolve anamnese, que é uma extensa conversa sobre o histórico do paciente, o exame e a indicação de um tratamento individualizado para cada pessoa.Logo, tratamentos inespecíficos que servem para várias condições simultaneamente e sem comprovação científica vendidos na internet ou televisão são muito provavelmente charlatanice, principalmente se envolve vitaminas e questões estéticas.

Dica 8: um atendimento particular pode ser uma oportunidade para uma consulta mais cuidadosa

O médico que atende convênio é bom? O problema neste caso não é exatamente com o médico. Os convênios de forma geral praticam um valor de pagamento baixo ao médico, que varia de 20 a 100 reais.No entanto, a estrutura para proporcionar um atendimento adequado é dispendiosa, de maneira que, muitas vezes, o médico precisará atender um volume muito maior do que o ideal para ter um rendimento compatível com sua necessidade. Desta forma, o atendimento precisa ser mais rápido, o que aumenta a chance da não identificação de todos os problemas do paciente, ou simplesmente limita o tempo que a relação médico-paciente precisa para ser construída.À medida que o médico atinge um patamar profissional mais alto, tende a ser referenciado, ficando menos dependente do convênio. É a lei da oferta e da procura agindo. Então, o médico sem convênio tende a ser mais experiente e/ou ter técnica superior, mas o médico de convênio não necessariamente é ruim ou pior.A dica aqui é procurar atendimento particular caso tenha condição financeira e/ou perceba que o problema não foi resolvido a contento com o atendimento via convênio.

Dica 9: procure segundas e terceiras opiniões

Se ficou com dúvidas no tratamento ou se de fato precisa de um procedimento, como uma cirurgia, procure uma 2a opinião. Na medicina, a divergência de condutas é extremamente comum e não quer dizer que um dos médicos esteja certo ou errado, na maioria das vezes as duas opiniões estão corretas, mas as diferentes perspectivas sobre seu caso podem te ajudar na decisão.

Dica 10: busca na internet funciona?

E se você não tem ninguém para te indicar um médico, como fazer? Existem plataformas de busca de médicos que oferecem classificação de médicos por “estrelinhas”. Temos que ter um pouco de cuidado com estas classificações “frias”.Qualquer prestação de serviço envolve muitas variáveis que podem levar a uma avaliação, desde o atendimento da secretária na marcação da consulta, até o atendimento médico em si.Logicamente, todo o processo da “experiência” do atendimento importa, mas especificamente na área médica, ainda acredito que a competência do médico é o mais importante.Particularmente, prefiro um médico que atrasa, mas que dá muita atenção aos pacientes, a um outro rígido com horário, mas que para tanto precisa acelerar a consulta. Bem como prefiro um médico altamente técnico e um pouco mais sério a um super simpático, mas com lacunas na sua formação. E você?Isso nos leva a outra situação atual, os médicos “artistas” da internet e Instagram. Não ter muitos seguidores, muitas postagens ou sequer ter um Instagram não é critério algum de falta de QUALIDADE, assim como ser o tal “artista” da internet não atesta qualidade de forma alguma. Simples assim.Como em qualquer área, o Instagram é uma simples ferramenta de marketing usada por alguns médicos. O marketing médico no Brasil é muito regulamentado e por muito tempo foi visto com preconceito pelos próprios médicos.Entendo que, com a evolução tecnológica e com o rejuvenescimento da classe, estas ferramentas vêm sendo incorporadas no marketing. Você pode até ter achado seu médico com 1 milhão de seguidores nas redes sociais, mas faça o confere: é médico mesmo? Sua formação médica é de qualidade? É especialista na área e membro de sua Sociedade Médica de especialidade? Espero que estas sugestões possam ajudá-los a achar seu médico! Boa Sorte!

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