Uveíte: O que é e principais causas

Escrito por Luiz Roisman
Índice

Hoje o tema é UVEÍTE!

O que é a uveíte?

Uveíte é o nome da inflamação da úvea. Mas o que é úvea? Úvea é o nome de uma estrutura intra-ocular que fica cobre o olho por dentro em quase toda a sua extensão. Ela é composta da coróide, da íris (o colorido do olho), do corpo e dos processos ciliares. Simplificando, a uveíte é qualquer inflamação por dentro do olho.

Quais são os tipos de uveíte?

Nós dividimos a uveíte em uveíte anterior, quando afeta principalmente a íris e o espaço entre a íris e a córnea (câmara anterior do olho); uveíte intermediária, quando afeta o corpo e os processos ciliares, e a uveíte posterior, quando a retina e a coróide são afetadas. A uveíte pode ainda acometer todas as estruturas, daí chamamos de pan-uveíte. Ela pode atacar 1 olho apenas (unilateral) ou os 2 olhos (bilateral).

PRINCIPAIS SINTOMAS DA UVEÍTE

A uveíte pode levar a diferentes sintomas oculares dependendo do local afetado. Nas uveítes leves e da parte anterior do olho, é comum o paciente ter queixa de fotofobia (quando a luminosidade incomoda), olho vermelho, irritação ocular, moscas na visão e ainda embaçamento visual leve.

Quanto mais grave ou quanto mais a doença afeta as estruturas posteriores do olho, principalmente a retina, ocorre piora da visão, podendo inclusive levar à cegueira.

Além dos sintomas da própria uveíte, a doença pode levar a complicações oculares, como catarata, sinéquia (quando tecidos intra-oculares ficam grudados, comprometendo anátomo-fisiologicamente o olho), hipópio e glaucoma, prejudicando ainda mais a visão!

Figura: olho com uveíte apresentando vermelhidão ocular e hipópio. O hipópio é a precipitação de debris inflamatórios que se acumulam na parte anterior do olho, gerando esta condensação branca inferior.
Figura: olho com uveíte apresentando sinéquias posteriores, ou seja, a íris grudou no cristalino.

O QUE CAUSA A UVEÍTE?

A lista de doenças que causam uveíte é imensa! Por isso, é tão importante que o especialista em uveíte seja um bom clínico, um bom médico! Muitas vezes a investigação envolve doenças não oculares, portanto uma anamnese bem feita, uma investigação sistêmica, o questionamento de sintomas e a procura de sinais no corpo é fundamental. Didaticamente, dividimos as causas das uveítes em:

  • Doenças Inflamatórias: doenças auto-imunes, lúpus, artrite reumatoide, doenças inflamatórias intestinais (doença de Crhon, Retocolite), sarcoidose, esclerose múltipla, são algumas das mais comuns, mas várias outras condições inflamatórias do corpo podem dar uveíte
  • Doenças Infecciosas: tuberculose, sífilis, toxoplasmose, herpes, citomegalovírus, Zika, chikungunya, dengue, doença da arranhadura do gato são algumas das mais comuns.
  • Neoplasias/Tumores: tumores pode ser primários (afetar diretamente, iniciar a doença) do olho ou ainda causar inflamação ocular à distância, como uma inflamação ocular por causa de um melanoma na pele. A isso chamamos de síndrome paraneoplásica e também podem causar uveítes.
  • Idiopáticas: na medicina idiopático significa que não há causa definida para a doença. Infelizmente é muito comum, mesmo após extensa investigação, não encontrarmos a causa da uveíte. Nestes casos consideramos a doença como auto-imune/inflamatória para fins de tratamento.

É possível logo ver que a investigação de um paciente com uveíte costuma ser bem extensa e envolve, além da boa avaliação do oftalmologista, exames de sangue, de imagem (como tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética) e muitas vezes o auxílio de outra especialidade médica como reumatologia, infectologia e oncologia.

Uveíte é contagiosa?

Esta é uma pergunta frequente, até porque existem doenças infecciosas que podem dar uveíte. Mas a uveíte não é transmissível, nem a uveíte por tuberculose, HIV ou sífilis.

UVEÍTE TEM CURA? UVEÍTE TEM TRATAMENTO?

O mais importante no tratamento da uveíte é o tratamento da causa base da doença. Por exemplo, uma pessoa com uveíte por tuberculose, deverá fazer o tratamento da tuberculose por pelo menos 6 meses, um paciente com uveíte por sífilis deverá também tratá-la. Nas causas tumorais/neoplásicas, o pilar da recuperação da uveíte é o próprio tratamento oncológico.

Nas causas inflamatórias/autoimunes o tratamento envolve o controle da atividade sistêmica da doença de base com imunosupressores, diminuindo a resposta imune do corpo e a inflamação que leva à uveíte.

O melhor imunosupressor/anti-inflamatório é o corticoide, por isso é muito comum inciarmos o tratamento com esta medicação. Porém, os corticoides têm muitos efeitos colaterais, de forma que tentamos usar a menor dose possível, no menor tempo possível, para alcançar o controle e a estabilidade do quadro.

Quando existe dificuldade para controlar a inflamação, quando o tratamento deverá ser de longo prazo, ou quando existem muitas recidivas ou relapsos (vários períodos de piora e melhora) optamos por introduzir no tratamento outros medicamentos imunosupressores.

Hoje em dia o leque de medicamentos é muito amplo, existindo opções com poucos efeitos colaterais, boa tolerabilidade e baratos que atingem este objetivo. Nos casos mais complexos e de difícil controle drogas mais modernas podem ser associadas, de modo que a doença fica inativa.

Também é muito comum usarmos colírios com corticoide para tratar uveítes que causem inflamação da parte anterior do olho. Outros colírios podem ser necessários para o tratamento de situações associadas, como o aumento da pressão ocular.

Algumas uveítes, principalmente as infecciosas, conseguimos sim a cura com o tratamento adequado. Já no caso das doenças inflamatórias/autoimunes não existe cura, mas controle da doença, de modo que muitas vezes o paciente leva a vida normal. Quantas pessoas com história de uveíte você pode ter cruzado na rua hoje?!

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