Muitas vezes, ao procurar uma solução para o nosso problema, saber sobre a experiência de outra pessoa, pode nos ajudar. Por isso, colocamos aqui a experiência de uma paciente querida, da forma como ela nos relatou.
Esperamos que possa ajudar outras pessoas!
Antes de eu começar a agradecer a Doutora Julia e dizer o tanto que me emocionei vendo o resultado da minha cirurgia, vou contar um pouco da minha vivência sendo uma pessoa estrábica até chegar no dia da cirurgia.
Eu era estrábica dos dois olhos desde quando nasci. Na minha infância e adolescência o bullying era pesadíssimo por causa dos meus olhos tortos que não escolhi ou fui imprudente para ter, só nasci.
As piadas do tipo: “tá olhando pra onde?” “caolha” “zarolha” “vesga” entre outras mais pesadas me machucavam profundamente, faziam eu me odiar por ter nascido assim e eu era só uma criança. Com o passar do tempo, fui aprendendo a me defender das piadas porque eu sempre tive uma estrutura de grande porte e usava isso ao meu favor, apesar de ser muito calma e sentimental.
Achando que o estrabismo nunca ia deixar de ser uma parte de mim, comecei a adquirir algumas manias para centralizar meus olhos: Na maioria das minhas fotos e videos os meus olhos saiam alinhados porque eu forçava-os e ficava piscando sem parar para não perder o controle. Eu não encarava as pessoas por muito tempo com medo dos olhos virarem e evitava fotos distraída.
Nunca havia passado pela minha cabeça a possibilidade de fazer a correção dos olhos já adulta porque sempre diziam que: “se não corrige quando criança usando tampão e óculos, adulto não corrige mais.” Além disso, eu achava que tinha me aceitado do jeito que era até aparecer a possibilidade da cirurgia e eu “escarafuxar” na terapia que só tinha acostumado, que para a minha criança ainda era uma grande questão.
Revisitando algumas memórias, descobri que sempre fui refém do estrabismo e dos traumas que o bullying causou em mim. Quando eu conhecia alguém virtualmente, sempre me atencipava dizendo que era estrábica pra não ter que lidar com os olhares e a rejeição depois…
Mas como diz Clara Nunes: “O sol há de brilhar mais uma vez…”
Tudo começou a mudar há 2 meses quando fui procurar um oftalmo, porque tabalhar e estudar na frente do computador estava me dando algumas dores de cabeça. Após alguns exames, o oftalmologista disse que eu não tinha muito grau e que não poderia me passar um óculos para descanso por causa do meu estrabismo. Como ele não era especialista, me indicou para Doutora Julia que é estrabóloga (nunca tinha ouvido falar esse nome na minha vida). E o que eu passei a vida inteira achando ser impossível, começou a se tornar possível.
A minha primeira consulta com a Doutora Julia foi bem difícil (emocionalmente falando). Eu nunca tinha feito exames de olhos tão detalhados como fiz. Nunca tinha colocado um colírio pra dilatar a pupila (fiquei nervosa e achei que estava ficando cega). Eu até chorei fazendo os exames…Não conseguia fazer direito o que a Doutora pedia por causa das manias que adquiri ao longo da vida pra deixar os olhos retinhos. Mexeu com tantas emoções!
Mas que bom que a Doutora Julia foi muito paciente e esperou eu me acalmar para dar continuidade. No final da consulta, a Doutora disse que o meu caso era de cirurgia e eu aceitei na hora.
Aceitei, mas depois que cheguei em casa fiquei com medo e me perguntando pra quê eu aceitei hahahaha. Mas resolvi encarar e contei para todo mundo. Alguns até disseram: “Para quê vai mexer em quem tá quieto?”
O estrabismo nunca esteve quieto para mim, meus olhos estavam sempre dançando descontrolados. Mas hoje, me olhando no espelho após a cirurgia e vendo os meus olhos centralizados sem eu precisar fazer nada e obedecendo meus comandos, me emociono e liberto de mim toda a dor e trauma que me acompanhavam.
Doutora Julia, o dia 19 de maio de 2022 vai ser uma data que eu nunca mais vou esquecer. Muito obrigada por trazer esperança para algo que nem nos meus maiores sonhos eu esperaria. Obrigada pela paciência e cuidado em todo o processo!”
