Em entrevista ao Canal Cultura, a oftalmologista Dra. Júlia Rossetto chamou a atenção para um dado alarmante: crianças com problemas oculares não diagnosticados podem aprender apenas 50% do conteúdo ensinado na escola. A especialista abordou o impacto significativo da visão na aprendizagem e na qualidade de vida infantil, reforçando a necessidade de exames oftalmológicos regulares.
Segundo a Dra. Júlia, muitos casos de erro refrativo não corrigido, como miopia ou hipermetropia, passam despercebidos, especialmente em crianças que não sabem identificar ou comunicar dificuldades visuais. Isso prejudica não apenas o aprendizado, mas também o interesse e a participação escolar. “Muitas crianças não percebem que têm dificuldade para enxergar. Elas apenas perdem o interesse, se sentem desmotivadas, e acabam ficando para trás na escola”, destacou.
Os Sinais de Problemas Visuais
Durante a entrevista, a Dra. Júlia explicou que problemas de visão podem se manifestar de diversas formas. Entre os sinais mais comuns estão:
- Dificuldades em enxergar objetos à distância, como o quadro da sala de aula.
- Reclamações frequentes de dor de cabeça ou cansaço visual.
- Proximidade excessiva ao usar dispositivos eletrônicos ou ler livros.
Esses sinais, segundo a médica, devem ser um alerta para que os pais procurem um oftalmologista.
Saúde Ocular nas Políticas Públicas
A Dra. Júlia também discutiu a importância de integrar a saúde ocular aos programas escolares. Embora já existam políticas públicas para identificar crianças com dificuldades visuais, ela ressaltou que ainda há muito espaço para melhorias. “Um simples exame oftalmológico poderia evitar que muitas crianças enfrentassem dificuldades desnecessárias na escola e na vida”, afirmou.
Além disso, a especialista explicou que problemas visuais em apenas um dos olhos podem ser ainda mais difíceis de identificar, tornando a consulta com oftalmologistas especializados essencial.
Impactos na Sociedade
A falta de diagnóstico e tratamento para problemas oculares também tem consequências para a sociedade. A Dra. Júlia lembrou que dificuldades visuais não tratadas geram custos econômicos significativos, desde o aumento do abandono escolar até a redução da produtividade futura. “Cuidar da visão das crianças não é só uma questão de saúde individual, mas um investimento no futuro do país”, enfatizou.
Recomendações para Pais e Educadores
Durante a entrevista, a Dra. Júlia fez um apelo aos pais e responsáveis, recomendando que todas as crianças realizem um exame oftalmológico completo por volta dos 3 anos de idade, mesmo que não apresentem queixas. Ela também alertou sobre a importância de diagnósticos detalhados, que vão além da necessidade de óculos, podendo identificar problemas mais graves, como:
- Catarata congênita.
- Retinoblastoma, um tipo de câncer ocular.
“É fundamental que as famílias com acesso a exames oftalmológicos aproveitem essa oportunidade. Quanto mais cedo um problema for detectado, maiores as chances de garantir uma vida escolar saudável e produtiva para as crianças”, concluiu a Dra. Júlia.