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O que fazer quando se está com conjuntivite?

Escrito por Victor Roisman
Tempo de Leitura: 9 minutos

Índice

Já esteve com conjuntivite e não soube o que fazer? No texto de hoje vamos te contar passo a passo do que fazer quando está com inflamação conjuntiva. Quer saber sobre esse assunto? Então continue lendo o artigo escrito pelo Dr. Victor Roisman.

Em primeiro lugar é importante sempre lembrar que olho vermelho, ou hiperemia ocular, não necessariamente é conjuntivite. Muito pelo contrário: se pararmos para listar todas as possíveis causas deste sintoma, será suficiente para escrevermos alguns livros de oftalmologia.

Dentre algumas causas comuns para olho vermelho que não conjuntivite, podemos citar: olho seco, abrasões traumáticas, presença de corpo estranho, uveítes, ceratites e blefarites.

É imprudente descartar qualquer outro diagnóstico sem uma avaliação do médico oftalmologista.

O que é a conjuntiva?

A conjuntiva é uma fina membrana transparente que recobre toda a região do branco do olho, a esclera, além da parte interna das pálpebras superior e inferior.

Este tecido possui uma grande quantidade de pequenos vasos, que têm como principal função prover nutrição e defesa aos seus tecidos vizinhos. Em uma situação de inflamação, esses vasos se dilatam, aumentando de diâmetro, origem do olho vermelho, ou hiperemia ocular, que é o traço comum a todos os tipos de conjuntivites.

É bastante provável que todos nós já tenhamos tido algum tipo de conjuntivite ao longo da vida. Desta forma, é muito importante sabermos quando desconfiar que estamos efetivamente com conjuntivite, seus SINTOMAS, o agente (CAUSA) e mais do que isso, o que fazer quando se está com conjuntivite (TRATAMENTO)?

Quais são os tipos de conjuntivite?

Conjuntivite viral

A conjuntivite viral é aquela causada por qualquer tipo de vírus. É comum que os vírus causadores de infecções respiratórias, inclusive o COVID-19, estejam associados à conjuntivite. Desta forma, é frequente nos depararmos com quadros de resfriado associado a vermelhidão ocular.

Nada impede de haver um quadro de conjuntivite viral sem associação com outros sintomas em outras partes do corpo.

Além da hiperemia e edema, é característica a presença de secreção mucosa (uma secreção espessa, de coloração branca ou levemente amarelada), e lacrimejamento intenso.

Muitas vezes, devido a estes sintomas, há uma nítida sensação de que há algo dentro do olho, como se fosse um corpo estranho. Dependendo da quantidade de secreção, as pálpebras podem ficar grudadas, principalmente se a limpeza não for frequente, ou até mesmo após uma noite de sono.

Pálpebras edemaciadas (inchadas) também são bastante comuns, bem como a sensibilidade aumentada ou intolerância à claridade (fotofobia). A conjuntivite viral não causa rebaixamento significativo da visão podendo, porém, causar leve turvação pela secreção e lacrimejamento.

O tratamento desta conjuntivite envolve medidas de limpeza frequente com soro fisiológico 0.9% (atenção: não usar soro aberto há mais de 7 dias) e instilação de colírios que tragam alívio dos sintomas, inicialmente os lubrificantes oculares.

Colírios com vasoconstritores na sua fórmula, que causam um rápido e passageiro efeito “branqueador”, não são recomendados. Eles podem trazer graves efeitos adversos. Evite qualquer produto com benzalcônio ou nafazolina na formulação.

Eventualmente, a conjuntivite viral pode estar associada a complicações agudas de maior gravidade, como o surgimento de pseudomembrana, edema intenso das pálpebras e ceratite.

Nestes casos, o tratamento passa pelo uso de outras classes de colírios e até mesmo medicações orais, além da necessidade de retornos periódicos ao oftalmologista.

A contaminação por vírus se dá através do contato direto ou indireto com as secreções da pessoa infectada. Desta forma, é importante que a pessoa com conjuntivite fique afastada de outras, evite levar as mãos aos olhos e as higienize com frequência, e não compartilhe objetos que tenham contato com os olhos, tal qual toalhas e travesseiros.

Conjuntivite bacteriana

Enquadrar todas as conjuntivites bacterianas em um único parágrafo sem causar grande imprecisão é um desafio.

Inicialmente, a história clínica da infecção é essencial para suspeitarmos de infecções bacterianas. Por exemplo: a conjuntivite neonatal, causada por Clamídia ou Gonorréia, está relacionada ao parto normal (vaginal) de mães infectadas.

No exame, a maior diferença clínica entre a conjuntivite bacteriana e viral é a quantidade e característica da secreção produzida. No caso das conjuntivites bacterianas, é mais comum uma grande quantidade de secreção de coloração esverdeada ou purulenta.

O diagnóstico pode envolver a coleta de material para realização de exames que identificam a bactéria causadora e direcionam o tratamento, geralmente a bacterioscopia e a cultura associada a antibiograma.

A conjuntivite bacteriana, se não tratada, pode evoluir com complicações graves que podem levar a comprometimento visual e até cegueira. Desta forma, é muito importante que o diagnóstico correto seja estabelecido, e o tratamento seja iniciado prontamente.

Conjuntivite alérgica

Diferente das conjuntivites viral e bacteriana, a conjuntivite alérgica não é causada por qualquer agente infeccioso.

Trata-se de uma resposta inflamatória do organismo a algum agente externo, seja material de origem biológica (como os ácaros ou pêlos de animal), seja a agentes químicos, como medicações ou produtos cosméticos.

O tratamento da conjuntivite alérgica tem dois grandes pilares:

  1. Interromper o estímulo alérgico:  somente a interrupção ou dessensibilização ao estímulo nocivo permitirá que o organismo do indivíduo não gere reação alérgica no longo prazo. A orientação e reeducação de hábitos são essenciais.
  2. Tratar a crise de alergia: o tratamento envolve medicações tópicas (colírio) que poderão ser necessárias por curtos ou longos períodos, de diversas classes, além de medicações orais. O objetivo do tratamento medicamentoso será não só interromper a crise de alergia, como evitar novos episódios.

O traço comum a todas as modalidades de conjuntivite é que o seu diagnóstico não é simples. O fácil acesso a algumas classes de colírios em farmácias possibilita o tratamento equivocado e automedicação.

As consequências podem ser catastróficas inúmeras:  infecções podem ser aceleradas, seqüelas tal qual catarata e glaucoma podem surgir com o uso crônico e inadvertido de alguns colírios com corticóide, etc.

Lembre-se que conjuntivite é uma urgência médica e somente o Oftalmologista é habilitado ao correto diagnóstico e tratamento destes casos.

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