As doenças reumatológicas ou seu tratamento crônico podem levar a alterações oculares. Estas alterações variam desde quadros leves como olho seco sem repercussões até baixa visual irreversível ou doença ocular crônica como o glaucoma.
Quais são as doenças oculares mais frequentes nos quadros reumatológicos?
As uveítes são o quadro mais comumente associado às doenças reumatológicas. Elas são a inflamação intraocular que acomete a úvea, tecido composto pela íris (porção colorida do olho) na parte anterior, pelo corpo ciliar na parte intermediária e pela coroide na parte posterior do olho. Da mesma forma, as uveítes são classificadas em anterior, intermediária, posterior ou panuveíte, a depender do local de apresentação da inflamação.
Quais complicações oculares ocorrem como consequência da inflamação ocular ou tratamento crônico com corticoide ou antimaláricos?
As principais complicações oculares da inflamação crônica local são:
- Sinéquias posteriores: aderências da íris ao cristalino que impedem a midríase;
- Ceratopatia em faixa: depósitos subepiteliais de cálcio na córnea localizados entre as 3 e 9h e que, portanto, podem levar à baixa visual por ocluir o eixo visual;
- Catarata: opacificação do cristalino;
- Elevação da pressão intraocular ou glaucoma: glaucoma é uma doença que leva à perda progressiva das células ganglionares, com aumento da escavação do nervo óptico e baixa visual irreversível.
As principais complicações oculares do tratamento crônico são:
- Com corticoide: Catarata e Glaucoma
- Antimaláricos: Retinopatia irreversível por toxicidade retiniana
Quais as principais doenças reumatólogicas que levam à uveíte?
Principais causas de uveíte anterior: Artrite Idiopática Juvenil (AIJ); espondilite anquilosante juvenil, Doença de Behçet e sarcoidose.
Principais causas de uveíte intermediária: sarcoidose.
Principais causas de uveíte posterior: Lupus Eritematoso Sistêmico (LES), Doença de Behçet e sarcoidose.
A uveíte na AIJ e o acompanhamento oftalmológico
A AIJ é a causa mais comum de artrite crônica na infância e também a causa mais comum de uveíte crônica na infância.
A uveíte é a manifestação extra-articular mais comum da AIJ e se manifesta como uveíte anterior não-granulomatosa crônica, bilateral e assintomática.
Seus principais fatores de risco são sexo feminino, idade precoce, FAN positivo, poliartrite fator reumatoide negativo.
A avaliação oftalmológica deve acontecer ao diagnóstico da AIJ e o acompanhamento deve ser de acordo com as características de cada paciente e varia entre trimestral e a anual.
O LES e o uso dos antimaláricos
O uso crônico dos antimaláricos como a hidroxicloroquina pode levar à maculopatia (lesão na área central da visão) por toxicidade retiniana.
Fatores de risco para toxicidade retiniana:
– Dose alta e longa duração de uso (acima de 5mg/kg/dia, duração além de 5 anos)
– Outros: doença renal concomitante ou uso de tamoxifeno
Triagem oftalmológica deve ser realizada:
- Ao diagnóstico: para excluir maculopatia pré-existente;
- Anual após 5 anos de uso (desde que dentro das doses recomendadas e na ausência de outros fatores de risco)
Exames complementares podem identificar alterações antes que sejam visíveis ao fundo de olho. São eles:
- Campo visual automatizado
- OCT (tomografia de coerência óptica)
- Eletrorretinograma multifocal
- Autofluorescência
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